A pesquisa salarial é uma solução ou mais um problema?
Um amigo meu que tem 3 filhos, e todos com personalidades e comportamentos muito diferentes, me confessou em tom de queixa: “- Não sei o que acontece, criei os três igualmente, com a mesma atenção, mas cada um saiu diferente do outro”.
Respondi-lhe que cada um é uma individualidade e tinham suas necessidades diferentes, de forma que, se ele tratou todos da mesma maneira, com certeza para um pode ter excedido, enquanto que para outro pode ter faltado atenção.
Analogamente ocorre com as empresas, é comum se ouvir falar através das direções que: “- Na minha empresa quero que todos os funcionários estejam na média ou no 3º Quartil” (que é um valor acima da média do mercado).
Falam isso como se a média ou 3º Quartil fosse um número absoluto, e uma solução que comprovará a eficácia de sua política de salários. Puro engano! Pesquisa salarial é como o caso do indivíduo que teve a cabeça colocada no freezer e os pés no forno, a temperatura do umbigo estava na média, mas o indivíduo morreu.
Quem trabalha com pesquisas salariais sabe muito bem que as variáveis que compõem uma pesquisa são tantas e se não forem muito bem ponderadas, poderão dar uma distorção nos resultados, que ao invés de ajudar irá só atrapalhar.
Vejamos alguns exemplos que podem causar essas distorções:
- A pesquisa é um conjunto de números, que oscilam demasiadamente;
- Nem todas as empresas que participam são as que mais interessam, às vezes conforme o caso, as que mais interessam não participam;
- Os números que se obtém nas tabulações são fabricados estatisticamente, eles mesmos não existem como salários reais;
- A correlação da importância do cargo que se tem na empresa, com o pesquisado, em geral é sempre diferente;
- O equilíbrio interno que o cargo está situado, em relação ao das outras empresas nunca é igual, e daí por diante.
De maneira que, se não se souber usar a pesquisa, analítica e ponderadamente, poderá cometer um grande equívoco istrativo, e apesar das boas intenções, haverá o risco de formalizar um desajuste nas estruturas salariais, e criar um descontentamento e desmotivação entre os profissionais da empresa; e tal qual o pai das crianças citado acima, se estará cometendo um erro, porém com a consciência tranqüila de se estar fazendo o melhor possível.
Até a próxima e muita paz!
*Renato Fazzolari é fundador da AGRHO Headhunting, psicólogo, terapeuta transpessoal, escritor, articulista da UDOP, palestrante e conferencista em congressos e seminários. Ex-Gerente e Diretor de Recursos Humanos em empresas nacionais e multinacionais.